domingo, 23 de outubro de 2011

Pai

Pai. Se soubesses as saudades que tenho de dizer esta palavra, banal para tanta gente e tão, mas tão importante para mim. Faz hoje 21 anos que deixei de a pronunciar e custa muito. Este ano, pai, instalou-se em mim um nervoso, uma tristeza profunda, uma irritação, um desespero que eu não conseguia identificar de onde vinham, mas que estavam cá...Há 21 anos que tento  meter na cabeça, sem sucesso, o dia em que fiquei sem ti, mas não consigo, a minha mente recusa-se a decorar essa data. Então perguntei à mãe...e pronto, já sei porque andava triste, enervada. Não costumo vir aqui nesta data, venho apenas no dia em que nasceste, pois é esse o único que me importa. Mas apetece-me vir aqui, escrever o que já sabes, que tenho tantas, tantas, mas tantas saudades tuas. De pôr os meus pés descalços em cima dos teus e dançarmos, de ver e ouvir o teu riso contagiante, de ir contigo para os copos, de te ouvir rir, enquanto fazias a barba e ouvias o "pão com manteiga", na rádio. A mãe e eu vamos levando a coisa, mesmo com crise, mesmo com dificuldades, fizemos um almoço do melhor e vamos fazer um bolo. Temos conseguido levar a vida (quase sempre) a sorrir. Mesmo com os contras que tu sabes. Mas sorrimos e às vezes dançamos, como costumávamos fazer os 3, já tarde, antes de dormirmos, uma musiquinha, umas danças, e muito riso. Sabes que, nem sempre sou compreendida, às vezes magoo quem não quero e sou magoada, por isso, mantenho-me no meu canto, calma, sossegada, acho que o caminho é esse. Se estivesses aqui agora, depois de leres os jornais todos, provavas o bolo, mas eu prometo deixar-te comer um bocadinho do meu. Se me sinto ridícula por te estar a escrever isto? Sinto. Mas quero mais é que se lixe. Este cantinho é meu, a tua filha virou bloguer, imagina. E agora, a mãe chama-me. E sempre que ela chama, eu vou a voar. Não me lembro já, se a data é hoje ou amanhã, nunca vou conseguir saber, acho. Beijinho, pai.

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