quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Um assunto que vem sempre à baila, principalmente no verão, são as touradas. É um assunto que nunca é consensual, como se todos tivessemos que ser ou a favor ou contra algo, a toda a hora, todo o tempo. Eu gosto e vejo touradas.

Adoro touradas, e não fico mínimamente incomodada por haverem cavalos e toiros e homens numa praça, onde o objectivo é artístico, e não o de fazer prevalecer a inteligência, supostamente do homem, contra a teimosia, supostamente do animal. Os toiros de lide, os únicos que servem para serem toureados, os que não desistem da “luta”, mesmo sendo “castigados” com bandarilhas, existem apenas para serem toureados e fazem parte duma importante cadeia alimentar, existente na natureza. O resto é espectáculo, é arte, é engenho, é valentia.

Hoje em dia está na moda ser-se políticamente correcto, não gostar de touradas nem de caça, não fumar, não matar os animais nem os peixinhos, não poluír, ser vegetariano, não incomodar, não ter vícios, ser-se praticamente híbrido…Há quem tem vergonha de ter um destes, ou outro qualquer vício, não percebo bem porquê, se o que distingue um ser humano de outro, é precisamente os seus gostos, os seus hábitos, as suas particularidades.

Eu adoro animais, já os tive em casa, trato-os como devem ser tratados, com respeito e carinho, mas isso não implica que deixe de gostar do que gosto, apenas porque fica bem aos olhos dos outros, e é políticamente correcto.

Logo, respeito que hajam imensas pessoas que não gostem de touradas, pelo mesmo motivo que gosto que respeitem que não gosto de vegetais. Não as obrigo a ir ver uma corrida, não lhes ofereço bilhetes para o Campo Pequeno, embora a mim me ofereçam inúmeras vezes pratos cheios de espinafres e agriões…respeito a vontade delas e agradeço que respeitem a minha.

Parece que o problema delas é o sofrimento dos toiros…mas essas pessoas comem carne de boi, de vaca, de frango, de coelho ( será que já gostam da forma como se matam os coelhos? Uma pancada violenta na cabeça não dói?).. Não entendem que o prazer da tourada não é ver o sofrimento de ninguém, muito menos dum animal imponente, cheio de personalidade, que não se acobarda perante nada, mas sim a arte dos cavaleiros, a forma inteligente com que os cavalos “enganam” os toiros, a coragem dos forcados, que não ganhando dinheiro, arriscam a vida, apenas por amor à arte.

Seria perfeito, portanto, que tanto os que gostam, como os que não gostam, se respeitassem e não interferissem, gostar de algo ou não, é um direito que nos assiste. Chama-se a isso, civismo.

M.S

quinta-feira, 13 de agosto de 2009


E dos teus olhos fiz bolas de cristal
e das tuas palavras rios onde quero mergulhar
e talvez esquecer...
Dá-me a tua vida, ensina-me a crescer.
Empresta-me o teu corpo
refúgio de dor e prazer.
E da tua alma fiz-me confidente
corpo e espírito
quase perfeição.
Olhos fechados, silêncios em comunhão
mãos que nao se largam
cheiros misturados
roupas pelo chão
És em mim, sempre presente.
(M. S.)