terça-feira, 14 de abril de 2009


RollerCoaster

Antes de me sentar no café, fui comprar um maço de tabaco. Não fumo, mas ter aquilo ali à mão dava-me a sensação de aconchego. Fiquei na zona de “não fumadores”, como de costume, e esperei por ti, ansiosa.
Chegáste com o teu sorriso de sempre, os teus olhos verdes do tamanho do mundo e as minhas mãos frias foram directamente para as tuas. O que se passou a seguir foi do mais puro non sense…rodeei o assunto, inventei histórias, menti…permanecias imóvel, aquecias-me as mãos, os olhos deram mil voltas ao mundo. Finalmente parei de mentir, disse-te que estava doente, “nada mortal”- como se fossemos todos imortais…
É curioso como as pessoas mentem quase sempre, antes de irem directamente ao assunto, numa situação mais incómoda. Fizeste o mesmo quando finalmente abriste a boca para me responder, aludiste à separação, chamaste-me nomes, acusaste-me de coisas feias.
Ficámos horas a olhar para o café, para as pessoas, para a rua, horas em que não vimos nada, que não pensámos em nada, horas que perdemos, numa dança constante de olhares e silêncio.
Por fim disseste-me que me amavas e que estavas comigo para o bom e para o mau, íamos portanto lutar juntos. E sorriste. Os olhos em voltas à volta dos meus. Nunca na vida ouvi nada que me confortasse tanto, nada que me fizesse tanto bem. Demos as mãos e saímos, pacificados. Voltei segundos depois atrás, para buscar, triunfante, o meu maço de cigarros.
Onde é que se fabricam anjos como tu, para podermos repovoar o mundo?

Margarida S.

2 comentários:

Unknown disse...

1 explicação e 1 constatação:
a explicação: eu sou o João por razões que não sei explicar; aliás sei mas depois te conto, o mail é dele.
a constatação: tu escreves tão bem que até dá raiva. Beijo grande e ou deixas aqui qualquer coisinha pa gente ler todos os dias ou tás feita....avisei!
kartuxa

Unknown disse...

Obrigada pela tua simpatia :) a ver se posso cumprir!