sexta-feira, 16 de abril de 2010



Há bocado passei no blog da Cocó e vi este eléctrico, o 28 e bateu uma saudade tão grande! Quando fui estudar para Lisboa, fui morar em Campo de Ourique, bairro que amo, e foi no 28 que passei muitas horas, da casa para a faculdade, da faculdade para casa, apanhei muitas molhas em frente da Basílica da Estrela, a "secar" à espera do eléctrico. Durante as viagens tomei decisões, revi um amor antigo, sorri muitas vezes e chorei algumas.
No último Natal que passei com o meu pai, entes dele morrer, fomos os três, eu ele e a mãe à baixa de eléctrico 28. Parámos no Martim Moniz, fizemos comprinhas no Chiado, na rua Augusta, fomos lanchar à Suiça, é uma das mais doces memórias que tenho de nós três todos juntos. Uma entre milhares.
O 28 passava na minha rua, e embora o meu quarto fosse virado para o outro lado, ouvia-se sempre o 28, já sabia de cor as suas paragens, os seus "encravanços", a campainha que tocava quando algum carro estacionava nas linhas, até os condutores já eram conhecidos e por vezes faziam o "jeito" e paravam quando uma pessoa se atrasava e já o apanhava em andamento.Outras vezes, e como aquilo era velho e com poucas condições, vi muitas pessoas, incluindo eu, dar grandes malhos em pleno eléctrico!Mas o caminho tinha que se fazer, e aquele era o meu meio de transporte. Posso mesmo dizer que o 28 faz parte da minha vida, como deve fazer da vida de muita gente.

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