sexta-feira, 16 de julho de 2010

Para a Patrícia

Durante a infância adoravamo-nos. Quando eu ia ao alentejo, ficavas horas colada ao telefone à espera que a avó avisasse que tínhamos chegado. Brincávamos como malucas. Querias que eu só gostasse de ti e só fosse tua prima. Fomos muito amigas. Crescemos em cidades diferentes e nem por isso nos afastávamos. No funeral do meu pai, como já fazia algum frio, vesti um kispo teu, preto. Tinha o teu perfume, e lembro-me que foi um aconchego para mim ter o teu cheirinho por perto. Nos dias que se seguiram, a primeira vez que dei uma gargalhada, foi por causa duma piadola que fizeste. Ficámos ambas admiradas, eu por ter gargalhado, tu por me teres conseguido fazer rir daquela forma.
Vi a minha mãe passar fome por tua causa, mas não me importei, gostava muito de ti. Sempre foste a minha prima favorita, talvez pela pouca diferença de idade que temos.
Casaste e mudaste. Eu também mudei. Penso que te zangaste comigo, não sei porquê. Fomo-nos esquecendo uma da outra.
Vi-te noutro dia no Facebook. Nunca foste muito bonita, mas na foto estavas muito gira e serena. Não somos amigas há alguns anos, nunca mais seremos. Mas fomos, e isso é que importa.

Sem comentários: