terça-feira, 31 de agosto de 2010

As pessoas

Se há coisa que me fascina é o ser humano e as suas reacções e atitudes. E são essas atitudes que distinguem as pessoas umas das outras. Por exemplo, no que concerne as problemas de saúde tenho uma atitude bastante simples e concreta, uma vez que as pessoas não escolhem as doenças ou os problemas que têm, se escolhessem, toda a gente seria saudavel. Posto isto, quem tem algum ou vários problemas de saúde, tem que saber viver com isso. E do meu ponto de vista, deve tentar ser o mais feliz possível. E isso é perfeitamente possível, embora algumas pessoas pensem o contrário. Conheço algumas pessoas que acham que serão sempre super pessoas e se acham superiores, que sempre que vêem alguém perguntam -" olá, então estás melhor?"
E a outra pessoa fica ali à toa, a tentar lembrar-se do que é que teria que estar melhor. Às tantas, de meia dúzia de espirros que tinha dado há 3 semanas. E responde com cara de parva, sim, pois, estou melhor, completamente perdida. Eu sou daquelas que pergunto sempre se alguém está bem, nunca se está melhor, pois entendo que isso é um assunto demasiado pessoal. Entendo que ninguém é obrigado a dizer que teve uma crise de asma na noite anterior, nem ninguém tem rigorosamente a ver com isso. É apenas uma escolha da pessoa dizer se teve ou não teve. Não faz dela mais ou menos pessoa por isso.
Há pessoas que adoram apontar os problemas dos outros. "Ah, porque o mês passado doíam-te os joelhos". Pois sim, e daí? Daí que essas pessoas só olham para os outros, nunca para elas. Falta-lhes sensibilidade, falta-lhes humanismo, falta-lhes inteligência. Em pequena conheci uma menina linda, loira de olhos verdes enormes, que tinha nascido sem pernas. Era pouco mais velha que eu e brincávamos muito juntas. Não lhe faltava nada, nem sentido de humor, nem graça, nem ousadia para as brincadeiras. Não era diferente de nós em nada, apenas tinha que se arrastar enquanto nós andávamos. Anos mais tarde, já adolescentes, ouvi alguém dizer horrorizado que ela ia casar. Como é que alguém era capaz de casar com uma rapariga sem pernas?! Fiquei maravilhada por existir um homem capaz de ver a inteligência, a simpatia, a beleza física, mas também a força de vontade e o sentido de humor com que ela geria a sua falta de mobilidade e ser capaz de conviver com isso de forma natural. Tiveram filhos, espero que ainda hoje sejam muito felizes, ambos
mereciam. Viver com saúde é mais fácil que viver com problemas de saúde, embora isto também seja um conceito relativo. Todos nós temos problemas, sejam eles quais forem e uns mais impeditivos que outros. O segredo da felicidade não é ter saúde, mas sim conseguir ter momentos de felicidade, seja como for. É a pessoa superar-se. Saber sorrir. Saber olhar os outros, em vez de só os ver. É ser tolerante e sensível e usar a inteligência. É a amar e ser amado. É acima de tudo saber que todos somos humanos e cada um tem um mundo diferente dentro dele.

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