quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Mudança

Há algum tempo que me sentia infeliz. Ora por isto, ora por aquilo, gripe aqui, tosse ali, mãe de pé partido, eu com dores, era assim uma coisa que não matava, mas moía. Mas não era tudo, há algum tempo que não me sentia sinceramente feliz. A minha vida é muito diferente da generalidade das  pessoas, é um facto, mas cheguei à conclusão que não tenhoque ser mais infeliz com isso. Nem sentir-me mal, nem culpada. Até porque, by the way, não tenho culpa absolutamente nenhuma. É assim e pronto, só tenho que aceitar e usar os meios ao meu alcance para viver melhor. E que meios são esses? Principalmente a forma como se encara a vida, como se vive o dia a dia. E o meu, garanto-vos, começava a ser tormentoso.
Já fui estúpidamente feliz, sei qual é a sensação, conheço-lhe os cheiros, as cores, a intensidade e sei que há 20 anos que não me sinto assim, por causa da morte do meu pai. Sei que  nunca mais vou sentir essa felicidade, essa sensação de conforto, de bem estar. Mas também sei que posso tentar, todos os dias, ser um pouco mais feliz. E ter paz. Sei que sou forte como poucas pessoas e devo usar isso a meu favor, em vez de gastar energias a fazer coisas que vão, mais tarde fazer-me sentir mal. Por natureza sou uma pessoa bem disposta, extremamente tolerante, adoro rir, adoro os prazeres da vida, gosto de dinheiro para gastar, de comer bem, de viver numa casa quentinha e bonita,  de ter um carro razoável, de poder mimar quem eu gosto, de ler os livros que me apetecer, de comprar uns trapinhos, umas coisinhas na perfumaria para parecer mais saudável, os meus brincos, os meus colares, as minhas malas, ir ao cinema, comer um sushi, ter umas boas férias, enfim, as coisas corriqueiras que nos fazem a todos felizes. Estar com que gosto, partilhar a amizade, os momentos bons, cantar, dançar… A felicidade não é só isso, nem começa por aí, mas isso faz parte. E eu sentia-me culpada por gostar dessas coisas.
Depois as pessoas, eu gosto de pessoas, em geral, não sou de antipatizar com ninguém só porque sim, mas se por acaso não gosto é porque tenho motivos para não gostar e ponto. Não tenho que fazer favores, e sendo eu tolerante e compreensiva como sou, quando não gosto de alguém é mesmo porque esse alguém está nos antípodas de mim. Tenho amigos homossexuais, pobres, ricos, mais cultos, nemos cultos, mais conhecidos, menos conhecidos, mas todos excelentes pessoas.  Só que  últimamente eu sentia-me culpada, se por acaso não gostava de fulano ou beltrano.
Últimamente eu ria pouco,  preocupava-me com coisas que não posso mudar, logo não vale a pena preocupar-me muito, gritava muito,  pensava em coisas que nada têm a ver com a minha realidade e vivia numa ansiedade pegada, que só me prejudicava.  A minha realidade é esta, quem gostar me mim aceita-me como sou. Tal como eu tenho que aceitar e tentar compreender os outros, as suas vidas, as suas realidades, os seus gostos, as suas opções. Se eu tenho mau feitio? Tenho! Mas compenso com sorrisos e astral lá em cima. Minimizo os problemas, tiro partido da vida, sonho. E asseguro-vos,  a única infelicidade na vida é a falta de saúde, porque o resto, tendo mais ou menos, a gente chega lá, com carinho.



1 comentário:

nuno medon disse...

olá! Quanto ao teu Pai, lembra-te, que se existir outro mundo ( paraíso ), porque ás vezes acredito que exista, tens que pensar que ele quer que sejas muito feliz, com aquilo que vais conquistando. Se o dinheiro, vai permitindo que tu dês umas prendas a ti própria, então toca a fazer isso. O dinheiro não dá felicidade, mas ajuda. O dinheiro ajuda a realizar projectos, quando um casal se casa. Espero que a tua mãe esteja melhor e recuperada. Depois dos 60 anos, pés partidos e entorses, são coisas tramadas. O meu tio de 70 anos, torceu o pé e ainda não está bom... mas ele também não pára sossegado...é o pombal, as pombas, e os mil e um afazeres que arranja. E esse teu pé, tá melhor? E o carinho das outras pessoas, do teu namorado/marido, dos amigos e família também é essencial.