44

Hoje faço anos, 44 anos. Se dantes nem me imaginava a dizer a idade, hoje digo-o com algum orgulho. Já pareço aquelas velhotas, que antes de lhes perguntarem o que quer que seja, já estão a dizer que idade têm, para lhes dizerem que estão bem conservadas e rebéubéu. Pela primeira vez na vida estou orgulhosa e nada aborrecida por fazer anos. Não tive nenhuma prenda, que isto cá por casa em termos de saúde não anda famoso, e quando não há saúde, há pouca vontade para o resto. Mas tenho a mãe a fazer-me arroz doce e uma garrafa de champanhe no frigorífico. E tenho orgulho, em mim, na mãe, no Paulo, por sermos tão unidos e nos apoiarmos tanto, sem eles eu não seria nada. E tenho sobretudo esperança, muita esperança no futuro.