domingo, 16 de janeiro de 2011

Suspensa

Tenho a vida suspensa. Estou lá em cima, suspensa num baloiço, sózinha e muda, enquanto cá em baixo todos continuam a sua vida. Vejo-os sorrir, trabalhar, contar piadas, rir, ir às compras, ter sonhos, adicionar amigos no facebook, ver a família, viver a vida, enquanto eu, estou lá em cima, a vê-los, sem me conseguir aproximar, sem conseguir que me oiçam, sem conseguir chegar até eles. Dormem, comem, bebem, enquanto eu não durmo, como para não cair já do baloiço  já nem sei rir, e olhamo-nos uns aos outros como se não fôssemos do mesmo planeta. E não somos, eu estou lá em cima, suspensa a tentar que me oiçam, enquanto eles estão cá em baixo, inalcançáveis, a tentarem que os oiça. Não nos entendemos, não desta forma. Não sei quando subi lá para cima, sei que não consigo descer agora. Não sei se algum dia vou descer e conseguir olhar para os outros olhos nos olhos, não depende só de mim. Tenho esperança, mas não passa disso, esperança.
Estou suspensa, tenho a vida suspensa, suspensa num baloiço, lá em cima, a olhar os outros.

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